quarta-feira, 17 de outubro de 2012

São Lucas Evangelista - 18 de Outubro


Lucas nasceu em Antioquia da Síria. A Tradição da Igreja o coloca como autor do terceiro evangelho e dos Atos dos Apóstolos. Citando o nome dele na Carta aos Colossenses (4,14) escreveu São Paulo: "Saúda-vos Lucas, o caríssimo médico." 


Convertido, ele acompanhou São Paulo em sua segunda viagem missionária. Ele foi citado por São Paulo três vezes em suas cartas: Colossenses, Timóteo e Filêmon. Quando o próprio Lucas escreve em Atos dos Apóstolos, em algumas passagens ele usa os verbos na primeira pessoal do plural, indicando que fazia parte do grupo de pessoas que viajava com São Paulo. 

Foi amigo fiel de São Paulo até o fim, na prisão e nos tribunais. Lucas nunca saiu do seu lado. São Paulo escreveu em 2Timóteo 4, 11: "Só Lucas está comigo." 
Lucas escreveu pensando nas comunidades cristãs mais relacionadas com São Paulo. Eram comunidades urbanas, formada de ricos e pobres, e onde as mulheres atuavam destacadamente. 

Certamente por isso apenas Lucas fala da ovelha perdida, do bom samaritano, do pai misericordioso, do pobre Lázaro, do homem rico que morreu e da promessa ao bom ladrão. Só ele escreveu sobre a Anunciação, a Visitação e detalhes do nascimento de Jesus. Somente ele fala de Marta e Maria, da pecadora arrependida, da mulher que procura a moeda perdida, da mulher encurvada. 
Finalmente a passagem dos discípulos de Emaús parece retratar tais comunidades talvez por volta dos anos 80, tomadas por abatimentos e cansaços, que poderiam ser superados pela fé em Cristo ressuscitado. 


Na arte litúrgica da igreja ele é mostrado com um machado e as vezes mostrado pintando o retrato da Virgem Maria. O símbolo de São Lucas como evangelista é o touro, um dos quatro animais da visão de Ezequiel, porque seu evangelho começa falando do sacerdócio de Zacarias, cuja incumbência, como ministro do altar, era oferecer a Deus as vítimas, entre as quais o boi figurava em primeiro lugar.

Há incertezas sobre as circunstâncias de sua morte. São Jerônimo disse que ele se dedicou à vida apostólica até os 84 anos.

São Lucas começa o Evangelho nos seguintes termos: "Visto que muitos já empreenderam por em ordem a narração das coisas que entre nós se cumpriram, como no-las referiram os que, desde o princípio, as viram, e foram ministros da palavra; pareceu-me bom também a mim, excelentíssimo Teófilo, depois de ter investigado diligentemente tudo desde o princípio, escrever-te por ordem a sua narração para que conheças a verdade daquelas coisas em que foste instruído.

O Evangelho de São Lucas é como que, o primeiro livro da sua história; os Atos dos Apóstolos constituem o segundo. Por isso, diz no prefácio dos Atos:
"Na primeira narração, ó Teófilo, falei de todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar, até ao dia em que, tendo dado preceitos por meio do Espírito Santo aos Apóstolos que tinha escolhido, foi arrebatado ao céu; aos quais também se manifestou vivo, depois da sua Paixão, com muitas provas de que vivia, aparecendo-lhes por quarenta dias, e falando do reino de Deus. E, estando à mesa com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual ouvistes da minha boca; porque João na verdade batizou em água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo."

Tal é, de acordo com o próprio São Lucas, o conjunto dos dois livros da sua autoria. Quanto ao primeiro, que compreende a história de Jesus Cristo até à sua Ascensão, nem a todos os fatos testemunhou, mas deles ouviu a narração da boca das pessoas que viram Jesus Cristo com os próprios olhos e viveram na sua intimidade. Entre essas testemunhas oculares, inclui-se a Santa Virgem em relação à vida privada do Salvador, e os apóstolos em relação à sua vida pública. Na vida oculta do Salvador se encontra a aparição do anjo Gabriel ao sacerdote Zacarias no santuário do Templo; a revelação de que nasceria de sua mulher Isabel um filho que seria o precursor do Messias; a aparição do anjo do Gabriel a Maria, na casa de Nazaré; a comunicação que ela conceberia do Espírito Santo e daria à luz o próprio Messias, que seria chamado Jesus: a visita de Maria à sua prima Isabel, que nela reconheceu a Mãe do seu Senhor; o Magnificat ou Cântico de Maria para bendizer Deus pelas grandes coisas que operaria nela e por ela; o nascimento de João Batista, o milagre de seu pai Zacarias, que recobrou a palavra para celebrar no Benedictus as misericórdias de Deus de Israel sobre os homens, em particular sobre a criança que acabava de nascer; a viagem da santa família de Nazaré, o nascimento do Salvador num estábulo; os anjos que o anunciam aos pastores e cantam a Glória in Excelsis; os pastores que vem adorá-lo no presépio; o nome de Jesus, que lhe foi dado no dia da Circuncisão; a apresentação ao templo, onde é resgatado por duas rolas e reconhecido pelo santo velho Simeão, que canta o Nume Dimitris; a peregrinação ao templo de Jerusalém com a idade de doze anos; sua permanência no templo, a volta a Nazaré, onde está sujeito a Maria e a José. São Lucas teve conhecimento pela própria boca da santa Virgem de todos esses divinos mistérios, cuja contemplação transporta de júbilo os anjos. É como se ela mesma os narrasse.

Quanto à vida pública do Salvador, nem os evangelistas, nem os apóstolos a relataram inteiramente. O próprio São João diz no fim do seu Evangelho: "Muitas coisas há que fez Jesus, as quais, se fossem descritas uma por uma, creio que nem no mundo todo poderiam caber os livros que seria preciso escrever. O que cada um dos evangelistas escreveu basta, não simplesmente para fazer-nos conhecer, mas, de acordo com a expressão do texto original de São Lucas, para fazer-nos superconhecer a verdade, a exatidão das coisas que já conhecemos de maneira certa através do ensinamento oral da Igreja. Eis alguns tocantes episódios que devemos a São Lucas:

A história da pecadora que vai à casa do fariseu Simeão prosternar-se aos pés do Salvador, regá-los em lágrimas, e a quem é concedida a remissão dos pecados; a cura de Hemorroisse por haver tocado a fímbria do seu vestido, e a ressurreição da filha de Jair; a caridade do Samaritano; a parábola do filho pródigo; a história do mau rico e do pobre Lázaro; a oração do fariseu e a do publicano, a conversão pública de Zacarias, que o recebeu na sua casa, e que dá aos pobres a metade de seus bens.
São Lucas conhecia esses episódios por intermédio daqueles que os tinham testemunhado com seus olhos e ouvidos; pois não pertencia ao número dos primeiros discípulos do Salvador, nem mesmo era judeu de origem, e sim, grego de Antioquia. Foi em grego que escrevei o Evangelho e os Atos dos Apóstolos; seu estilo lembra a elegante simplicidade de Xenofonte e Heródoto. De resto, um escritor inglês demonstrou que muitas locuções da Bíblia, em particular do Novo Testamento, consideradas hebraísmos, barbarismos, solecismos por certos críticos, são locuções próprias dos poetas e historiadores clássicos dos gregos. Teófilo, a quem São Lucas dedica seus dois livros, e ao qual dá o título de Excelente ou Excelência, parece ter sido cristão de alta posição social.

Os Atos dos Apóstolos, iniciados por São Lucas com a Ascensão de Jesus Cristo, mostram-nos os discípulos e os apóstolos reunidos no cenáculo, cm Maria, Mãe de Jesus; São Pedro fazendo, pela primeira vez, uso da sua autoridade de Vigário de Jesus Cristo e de Chefe da Igreja, na eleição de um novo apóstolo para substituir Judas, o traidor; o Espírito Santo descendo sobre os apóstolos e os discípulos no dia de Pentecostes; São Pedro convertendo três mil almas com uma única pregação, curando um coxo de nascimento, e convertendo cinco mil almas; Pedro e João encarcerados; sua perseverança; nova efusão do Espírito Santo; vida edificante dos primeiros cristãos; Barnabé vende seu campo e dá o dinheiro aos pobres; punição de Ananias e Safira por terem mantido a São Pedro; curas operadas pelos apóstolos, a popularidade dos mesmos apóstolos; a prisão e conseqüente libertação dos apóstolos por um anjo; discurso de Gamaliel no sinédrio; os apóstolos espancados com varas; eleição dos sete diáconos; zelo e poder de Estevão, seu martírio; perseguição dos fiéis; o diácono Filipe na Samaria; Simão, o mágico; o eunuco da rainha Candança batizado por Filipe; conversão de São Paulo; paz na Igreja; Pedro cura o paralítico Enéias, ressuscita a viúva Tabita e batiza o centurião Cornélio, primícias dos gentios; martírio de São Tiago; Pedro libertado da prisão por um anjo; primeiro concílio de Jerusalém, presidido por São Pedro. Na continuação dos Atos São Lucas fala quase só de São Paulo, de quem foi companheiro inseparável, e termina o livro com a prisão desse apóstolo, em Roma.

São Paulo, refere-se várias vezes a São Lucas como a seu fiel cooperador. Saúda os cristãos de Colosso da parte de Lucas, médico, que lhe é muito caro. Alguns escritores antigos também atribuem a este último a qualidade de pintor. São Paulo enviou-o com Tito a Corinto. Depois da morte do Apóstolo, São Lucas pregou o Evangelho em diversos países, entre outros, na Gália. Um antigo martirológio lhe confere os títulos de evangelistas e de mártir. Encerrou a longa carreira na Bitínia, ou, de acordo com outros, na Acaia. Suas relíquias foram transportadas para Constantinopla, e de lá para Pádua.

Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XVIII, p. 300 à 306
http://www.daaz.com.br/espiritualidade/Lucas_Evangelista.asp
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